Arquivo de Setembro, 2008

Ringu 360.

A ironia é uma coisa muito bonita, mesmo. Dias de depois de (finalmente) ver os meus euros tristonhos gastos numa HDTV bem catita, o caixote branco da perdição oferece-me um blockbuster inesperado, bem capaz de transformar o amigo escrivão num mártir do entretenimento digital. Pois é, o ‘quase famoso’ RROD acariciou o meu cantinho jogável com uma facada a rasgar – lá se vão os fins-de-semana  chuvosos acompanhados pela glória da alta definição. A equipa de atendimento da Microsoft fez questão de me aliviar a dor, com a promessa de uma reparação (ou troca) rápida – leia-se duas semanas no castigo. Mas não evitou o meu descontentamento, nem mais uma assinatura no livro de petições que morde a equipa responsável pelo hardware Xbox 360.

Mas talvez seja um sinal: tenho de me aplicar nos sucessos do passado, naqueles títulos que ainda hoje me fazem suar e ficar quieto a olhar para a tela. Ou não. De qualquer forma, sem o preciosismo da melhor resolução, vou namorando um King of Fighters, ou qualquer outro disco entupido de arte 2D bonitinha…

Ao leitor abençoado com vários anéis vermelhos da praxe: ainda se lembra da primeira vez?

Violência, escárnio e maldizer.

Estou triste. Como jogador, e peão escondido numa indústria que praticamente não existe, só posso ficar boquiaberto com o recorrente desrespeito (e ignorância na matéria) demonstrado pelos meios de comunicação social; pelos mais sensacionalistas e apoiantes do conservadorismo típico em Portugal. O tema da moda, desculpa oportunista para os males da terra, é a violência em excesso nos títulos mais vendidos e populares. Perdão; em Grand Theft Auto IV. O jogo da Rockstar ocupa páginas e páginas em publicações nacionais, como se fosse símbolo completo da ideia, do reconhecido ‘mundo dos videojogos’. Mas não posso ficar muito surpreendido. Aliás, para além da marca Playstation e meia dúzia de séries que conservam um monopólio no nosso mercado – leia-se futebol e corridas com fartura – a imprensa generalista obriga os zombies deste cantinho a olharem para os próprios pés; sem direito a consumir cultura digital, que não a tradicional apoiada pelo nosso conservadorismo quase histórico. Tudo muito normal, muito enfadonho e cinzento neste pontinho da Europa…
Mas queixas à parte, apenas volto a este assunto, tão aborrecido e ultrapassado, por causa duma primeira página, e consequente artigo, d’O Primeiro de Janeiro. A muito confiante equipa editorial, afirma que os “os jogos de vídeo podem contribuir para o aumento da criminalidade”. Mais, como subtítulo mal mascarado, acrescenta “onda de violência não para de crescer.” Por esta altura, o leitor deverá estar a derramar um rio de lágrimas, ao mesmo tempo que pondera emigrar para um sítio onde a nossa cultura de eleição não sofre atentados diários destes; algum país longínquo e com décadas de avanço social e cultural… Espanha, por exemplo. Mas relaxe, puxe uma cadeira e a grade de cervejas ali no chão, fique mais um pouco. É que o festival da risota ainda está para vir…

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